.Como todos já devem ter assistido, nesta época do ano há, em quase todas as terrinhas, a sua festa anual...
Aqui onde vivo, não foge à regra...
Há num espaço de 20km códrados, há mais festas em Julho e Agosto, que no resto do ano no concelho todo.
As festas da terra, antigamente, serviam para o engate!
O moço vinha para a festa na sua bela Famel Zundap, ou na V5... Fazia-se ouvir ainda uns quilómetros antes da sua chegada, escape livre e uma mudança abaixo... Fazia a sua entrada triunfal pela ala lateral da festa e estacionava a mota... Sacava do capacete, para pôr à vista de todos as suas belas patilhas...
A bela moçoila vestia-se a preceito, vinha a pé e ficava sentadita, com a mãe ou avó, numas cadeiras estrategicamente colocadas ao fundo da pista de dança, os bares ficavam junto ao palco...
Os varões casadoiros da terra iam emborcando penaltis de tinto, enquanto faziam a escolha e iam berrando palermices e armando aos cágados com os amigos, para que a plumagem crescesse e a pretendida os admirasse.

Tudo isto ao som (magnífico, por sinal) do fenomenal Grupo 2000, ou dos maravilhásticos Odisseia, ou até mesmo as fantásticas Doce. Em que se ouvia uma música instrumental altíssima e lá ao fundo a voz do vocalista em que nas músicas em inglês só se percebia a terminação!!
Depois destes trâmites sociais, lá vinha o belo mancebo (empurrado pela coragem do tinto) pedir autorização ao "cão de guarda" e lá levava a moça para a pista para dançarem e trocarem umas beijocas, às escondidas!
Muitos casamentos começaram assim e muitos ainda perduram!
Havia sempre os bêbados que dançavam a noite toda, só intervalando pelo atestar na tasca.
Um dos pontos altos eram as garraiadas!

Soltavam umas vacas, uma de cada vez, e os ditos mancebos iam pegá-las ou iam ao centro da arena buscar cervejas que lá havia espalhadas pelo chão enquanto as suas belas ficavam a admirar-lhes a coragem e a compará-los a um Adónis dos tempos modernos!
Na procissão também saía toda a terra à rua. Esse também era um momento alto para os namoricos e apalpões! As mães e avós, devoradas pela devoção, desapertavam um pouco o cerco, que era logo aproveitado para uns amassos e passagem de bilhetinhos (às santas), com locais escondidos da vista de toda a gente e em que os encontros eram tórridos!!
Lembro disto tudo e de ir para as festas apreciar estas técnicas de acasalamento... Era delicioso!
Hoje em dia já nada disto se passa...
As festas continuam, as moçoilas e os mancebos também lá vão e levam a reboque as mães ou as caquécticas avós, mas só para lhes pagarem os carrinhos de choque ou os simuladores. Estão-se cagando para o reprovador abanar de cabeça, dos mais velhos, a cada beijo ou apalpanito.
Na pista de dança só se atrevem os bêbados e os malucos da terra e das redondezas. Sim, que para os bêbados a tradição ainda é o que era!
As diversões atraem muito mais que as bandas, ainda por cima umas são de tal maneira más, que bem podiam dar um tiro no meio dos olhos do vocalista (geralmente é sempre o pior), para lhe e nos acabar com o sofrimento.
Como eu sou uma sonhadora, espero que isto ainda volte a ter graça, entretanto, vou-me divertindo por lá com a minha família grande!
(Antes de ontem a filhota do meio foi fazer uma pega à vaca e o mais velho ficou a segurar no rabo, ai ai...)
Acho que na Mongólia ainda se pratica a tradição, mas é difícil para os moços distinguirem as moçoilas dos pais ou até mesmo dos irmãos e avós...
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